A primeira viagem do Budapeste: um navio fluvial e marítimo húngaro inovador

Exatamente 90 anos atrás, em 6 Outubro 1934, um navio notável partiu de Budapeste com o objetivo de chegar a Alexandria, Egito. Não era um pequeno barco fluvial, mas um navio de carga marítimo completo, transportando 50 vagões de mercadorias — quase 500 toneladas. A embarcação, chamada Budapeste e operada pela Hungarian River and Sea Shipping Company (MFTR), fazia parte de um empreendimento pioneiro: lançar a navegação fluvial-marítima no Danúbio.

Projetar navios para rios e oceanos requer abordagens muito diferentes. Enquanto embarcações oceânicas devem suportar ondas e tempestades enormes, navios fluviais devem navegar em bancos de areia e águas rasas. Embarcações marítimas têm calados mais profundos, enquanto suas contrapartes fluviais devem se adaptar às alturas das pontes e à infraestrutura portuária, relata PestBuda.

Engenheiros húngaros encararam o desafio projetando um navio capaz de operar eficientemente em ambos os ambientes. O Budapest, medindo 56.2 metros de comprimento e 8.5 metros de largura, atendia aos requisitos para navegação fluvial e marítima. O navio era movido por motores a diesel Ganz–Jendrassik, que acionavam geradores para seu sistema de propulsão elétrica, permitindo economias significativas de espaço.

A viagem inaugural e a partida

Antes de partir, o Budapest passou por uma viagem de teste para Szob para garantir que seus sistemas funcionassem corretamente sob carga total. Um relatório contemporâneo do Budapesti Hírlap descreveu o evento:

“Antes de sua partida, o Budapeste completou uma viagem de teste totalmente carregado. Acompanhamos o navio fluvial-marítimo em sua jornada de teste para Szob — uma inovação não apenas para a Hungria, mas para o mundo.”

O capitão do navio era Ferenc Kádár, com László Korbuly servindo como primeiro oficial. A tripulação era jovem e determinada a completar com sucesso esta jornada histórica.

A rota e a carga

Em sua viagem inaugural, o Budapeste fez escalas em Istambul, Jaffa, Beirute e, finalmente, Alexandria. A carga que transportava era altamente prática — incluindo itens como banheiras, que podiam ser transportadas sem embalagem adicional, reduzindo significativamente os custos de envio.

Os cálculos indicaram que os embarques diretos do Danúbio para o mar poderiam reduzir os custos de transporte em até 50-70% em comparação aos métodos tradicionais de transporte ferroviário e marítimo ou combinados. Graças a esse sucesso, outros navios logo seguiram o rastro do Budapest.

Um legado duradouro

O Budapest chegou a Alexandria em 4 de novembro de 1934, onde descarregou sua carga e pegou novas mercadorias para a viagem de volta. Após essa viagem experimental bem-sucedida, outras companhias de navegação húngaras entraram no comércio fluvial-marítimo, como a Neptun Shipping Co., que introduziu o Duna, um navio originalmente construído na França, mas posteriormente reaproveitado para uso húngaro.

O Budapest continuou atendendo às necessidades de transporte fluvial e marítimo da Hungria até 1962, quando foi desativado e usado como navio de armazenamento por um tempo. Ele foi finalmente sucateado em 1988.

A importância do transporte fluvial e marítimo húngaro

Embora o transporte fluvial-marítimo não tenha sido uma invenção húngara, a expertise de engenheiros e construtores navais locais ajudou a transformar Budapeste e o Danúbio em um verdadeiro portal marítimo. A primeira viagem inovadora do Budapeste não foi apenas um avanço tecnológico, mas também abriu novas oportunidades econômicas para a Hungria, permitindo que os produtos locais competissem de forma mais eficaz nos mercados do Mediterrâneo.

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